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Notícias da Diocese › 01/06/2017

Pe. Rodolfo Muniz Leal conta sobre emoção de estar na canonização de Jacinta e Francisco Marto

Conversamos com o Pe. Rodolfo Muniz Leal, pároco da Paróquia São José Operário de Jacareí e assessor diocesano da Federação das Congregações Mariana de São José dos Campos. Ele concelebrou a Santa Missa de beatificação de Jacinta e Francisco Marto.

Comemorando o centenário da aparição de Fátima aos três pastorinhos, confira a emoção retratada pelo padre que presenciou o testemunho dos pais do menino Lucas, brasileiro curado por um milagre dos novos santos da Igreja.

Departamento de Comunição: Como é estar presente na cerimônia de canonização de um santo?

Pe. Rodolfo: Durante dois anos preparei a peregrinação para participar das festividades do Centenário das Aparições de Nossa Senhora em Fátima. Na fase final da preparação fui surpreendido pelo anúncio de que o Papa Francisco declararia santos os Pastorinhos Beatos Francisco Marto e Jacinta Marta que testemunharam as mensagens de paz de Nossa Senhora de Fátima para toda a humanidade. Todos nós somos chamados à santidade, mas não é para qualquer um ter o nome inscrito no cânon, a lista de santos da Igreja Católica. Participar da missa de Canonização é testemunhar que a Missão da Igreja não para no tempo. A Igreja nos dá o batismo como início da nossa caminhada de fé para sermos Santos como o Pai é Santo. “Mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver;” (1Pd 1,15). Participar da missa de canonização é descobrir que Santos e Santas são pessoas que estão sempre atuais. Santos são pecadores que nunca se rendem e nos ensinam que desde o dia em que nos arrependemos de nossos pecados podemos chegar à Santidade. Conseguir corrigir ou eliminar os defeitos que temos. Não ficar apontando os defeitos dos outros. Olhando para o Papa Francisco celebrando a missa no recinto de oração do Santuário de Fátima pude sentir em suas palavras e no seu sorriso a alegria de dar à Igreja de Portugal e à Igreja no mundo os pastorzinhos que foram crianças santas com vocação tão especial. A multidão exultou-se de alegria pelas comemorações do Centenário e pela canonização. No inicio da celebração o Bispo de Leiria-Fátima Antonio Marto pediu que o papa inscrevesse Francisco e Jacinta no livro dos Santos e depois fez uma breve apresentação da biografia das duas crianças. Em seguida o Papa Francisco, em latim, pediu que os irmãos fossem venerados.

Decom: O que tem de especial nesse caso, onde 2 duas crianças são canonizadas pela Igreja

Pe. Rodolfo: Dois pastorinhos de Fátima, em Portugal, testemunhas das várias aparições da Virgem Maria em 1917, foram canonizados no sábado dia 13 de maio, pelo papa Francisco no próprio local onde as aparições ocorreram. Cem anos após a primeira aparição, Francisco Marto e sua irmã Jacinta, que tinham nove e sete anos de idade, respectivamente, se converteram nos santos mais jovens da história da Igreja Católica que não morreram como mártires.

Francisco, Jacinta e sua prima Lúcia dos Santos avistaram pela primeira vez a Virgem Maria no dia 13 de maio de 1917, em uma azinheira com pouco mais de um metro de altura, em um campo rochoso de Cova da Iria. Nascidos em famílias muito humildes, os pastorinhos se tornaram exemplo de santidade para mundo inteiro. A cerimônia de canonização presidida por Francisco aconteceu 17 anos após a beatificação dos dois irmãos por João Paulo II. Este último reconheceu em 1999 como o primeiro milagre atribuído aos pastorzinhos a cura de Maria Emília Santos, paralisada por 22 anos, que conseguiu se levantar de sua cadeira de rodas em 1989.

Para serem canonizadas, as crianças deveriam ser creditado com um segundo milagre pelo Vaticano. Isso aconteceu em 23 de março. Segundo a Rádio Vaticano, trata-se da cura “inexplicável” em 2013 de uma criança brasileira, o Lucas, de seis anos que sobreviveu sem sequelas a uma queda de sete metros, apesar de ter sofrido um grave traumatismo craniano. Lucas, agora com nove anos, estava presente na canonização dos Pastorinhos de Fátima. Eu cumprimentei o menino Lucas e pude tirar uma foto com toda a sua família antes de começar a missa. Oportunidade abençoada e que me proporcionou grande alegria em ver aquele menino brincando com sua irmã como se nada tivesse acontecido. Ele estava muito calmo e tranquilo. Estavam ensaiando o momento em que iriam fazer o ofertório da missa e cumprimentar o Papa Francisco. As relíquias dos novos santos foram depositadas aos pés da Imagem de Nossa Senhora de Fátima e lá permaneceram durante toda a celebração da Santa Missa.

Decom: E as pessoas que estavam lá? O calor da devoção do católico realmente contagia?

Pe. Rodolfo: Fátima é uma cidade com subdivisão do Conselho de Ourém com 71,29 km² de área e 11.596 habitantes. Pertence ao Distrito de Santarém na região de Lisboa e Vale do Tejo.  A nível eclesiástico, a cidade de Fátima é simultaneamente sede de diocese com a cidade de Leiria. O porta voz do Vaticano Greg Burk estimou que na missa de canonização estivessem presentes 500.000 mil pessoas, 44 vezes mais que a sua população local. Estes milhares de pessoas chegaram à Fátima para esperar o Papa Francisco acompanhando-o todo tempo. Era contagiante a alegria das pessoas que vieram para manifestar o carinho ao Papa, prestar homenagens e obter graças de Deus pela intercessão de Nossa Senhora de Fátima. Era emocionante ver as pessoas cumprir promessas percorrendo o recinto de oração de joelhos até a imagem de Nossa Senhora na Capelinha das aparições. Muitas pessoas acendiam suas velas em local apropriado. Todas as noites eram realizadas a Procissão Luminosa com a Imagem de Nossa Senhora de Fátima no andor repleto de flores brancas. É muito bonita a Oração do Terço Internacional rezado por pessoas de diversas nacionalidades sendo um verdadeiro Pentecostes, ocorrendo a união de todos os povos convocados a viver a paz em suas nações e a rezar o Terço todos os dias de suas vidas.

Decom: Qual o significado para nós dessa celebração dos 100 do aparecimento de Fátima para aqueles pastorinhos?

Pe. Rodolfo: O centenário das aparições apresenta para nós a dimensão universal que os acontecimentos da Cova da Iria conquistaram. Há na ideia de consagração do mundo ao Coração Imaculado de Maria, proposta em Fátima, a ideia de “reconstrução” do mundo representada nesta devoção e no seu “desígnio providencial”. A consagração é “repor nas mãos de Deus”, algo que, tal como todos os acontecimentos de Fátima, se inserem numa “visão bíblica”.  Na Cova da Iria, a dimensão local ganhou uma repercussão universal por força de uma história coincidente com “expectativas gerais”.  D. Manuel Clemente bispo patriarca de Lisboa e presidente da Conferencia Episcopal Portuguesa em uma conferência recordou que, em 1917, Portugal atravessava um momento “muito difícil”, onde “pouco sobrava além da resistência de um povo”, e disse que os últimos 100 anos foram “um século de sobrevivência”, perante condições adversas de origem “interna e externa”. O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa afirmou ainda que, neste século, se chegou a uma “melhor compreensão” do que é

Pe. Rodolfo ao lado da família de Lucas, menino curado por milagre dos Pastorinhos

Estado e o do que é a Igreja. O professor catedrático Adriano Moreira apresenta que as Aparições em Fátima na “questão religiosa”, durante o Estado Novo, e o “receio crescente do avanço do Sovietismo” levou ao reforço da “linha católica”. A Igreja exerceu uma “influência determinante” na definição do Estado no Ocidente e dos valores “cristãos” nesta evolução política. Dado que “nunca foi possível estabelecer um Estado-modelo único”, realçou Adriano Moreira, a humanidade procura uma “ordem internacional”. Nesse sentido, concluiu, é importante compreender a progressiva importância de Fátima em relação com a situação internacional do século XX. Os objetivos da celebração do Centenário das Aparições de Fátima, que ora se apresentam, foram definidos nas seguintes perspectivas: Mostrar o relevo das aparições de Fátima para a Igreja e para o mundo; Difundir a mensagem de Fátima a nível nacional e internacional; Fomentar a reflexão sobre a mensagem de Fátima e as suas implicações para a vida cristã; Desenvolver, à luz da mensagem de Fátima, subsídios de apoio à pastoral; Apresentar sugestões para viver a espiritualidade de Fátima; Promover a dimensão festiva do centenário com propostas rituais e culturais; Dar a conhecer a espiritualidade dos videntes de Fátima.

Decom: Poderia nos deixar uma mensagem especial para esse ano mariano?

Pe. Rodolfo: Por ocasião do Ano Mariano em que comemoramos no Brasil os 300 anos do aparecimento da imagem de Nossa Senhora da Imaculada Conceição no Rio Paraíba a mensagem é que todos aqueles que acreditam em Jesus Cristo se empenhem pela paz no mundo começando por seus lares. Saibamos ser instrumentos de evangelização no anúncio do Reino de Deus que Jesus veio instaurar. Olhar para o passado na perspectiva do futuro sendo compromissados com a Evangelização. Sejamos fortalecidos na fé. Busquemos o caminho da conversão para o encontro pessoal com Jesus Cristo. Aprofundemos e seja atualizada na vida da Igreja no Brasil a mensagem Mariana “Fazei Tudo o que o meu filho vos disser” (Jo 2,5), constituída de um impulso na renovação e fortalecimento da nossa fé, apresentada como um auxílio para o crescimento espiritual do povo de Deus.

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Mensagem do Papa Francisco por ocasião do Centenário das Aparições da Bem Aventurada Virgem Maria na Cova da Iria

Por ocasião do Centenário das Aparições da Bem-Aventurada Virgem Maria na Cova da Iria o Papa Francisco chegou dia 12 de maio, de helicóptero em Fátima. Depois se dirigiu de papamóvel, até o recinto do Santuário e fez suas orações em silêncio na Capelinha das Aparições ofertando uma linda rosa de ouro à Nossa Senhora de Fátima. Realizou a bênção das velas de todos os presentes e rezou o terço com toda a multidão de peregrinos. O Papa Francisco ressaltava que sua visita era de um peregrino junto de outros peregrinos. De um pecador em meio à tantos pecadores. No dia 13 de maio celebrou a missa campal as 10 horas e em sua homilia destaca que nós católicos em nossa religião temos uma mãe, a mãe de Jesus a Virgem Maria: Queridos peregrinos, temos Mãe, temos Mãe! Agarrados a Ela como filhos, vivamos da esperança que assenta em Jesus, pois, como ouvíamos na Segunda Leitura, «aqueles que recebem com abundância a graça e o dom da justiça reinarão na vida por meio de um só, Jesus Cristo» (Rm 5, 17). Quando Jesus subiu ao Céu, levou para junto do Pai celeste a humanidade – a nossa humanidade – que tinha assumido no seio da Virgem Mãe, e nunca mais a largará. Como uma âncora, fundeemos a nossa esperança nessa humanidade colocada nos Céus à direita do Pai (cf. Ef 2, 6). Seja esta esperança a alavanca da vida de todos nós! Uma esperança que nos sustente sempre, até ao último respiro”. Ao final da missa o Papa Francisco dedicou uma mensagem especial aos doentes presentes incentivando-os a viver a vida como um dom oferecido a Deus de todo o coração.  Sintam se inseridos a pleno título na vida e missão da Igreja. Os doentes são presença silenciosa na vida da Igreja e que as suas orações são a oferta diária dos sofrimentos em união com os de Jesus crucificado pela salvação do mundo. Saibam aceitar com paciência e até com felicidade a sua condição que se tornam um recurso espiritual, um património para cada comunidade cristã. Não tenham vergonha de ser um tesouro precioso da Igreja. O Papa Francisco passou com o Santíssimo Sacramento junto dos doentes para significar a proximidade do amor de Jesus para com todos os doentes. Que devem confiar a Jesus as dores, os sofrimentos e o cansaço. Contem com a oração da Igreja que de todo o lado se eleva ao Céu por todos os doentes que nunca serão esquecidos por Deus.

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4 Comentários para “Pe. Rodolfo Muniz Leal conta sobre emoção de estar na canonização de Jacinta e Francisco Marto”

  1. Maria José disse:

    Muitas bênçãos de Deus.Um momento ímpar e inesquecível

  2. Andrea Camargo disse:

    Linda Matéria ! Sábias Palavras Padre Rodolfo!
    Deus o abençoe Sempre!! Abraços Fam Camargo.

  3. Luciene aparecida silva fonseca disse:

    acompanhei tda sua viagem me senti la com sua simplicidade compartilhando cada pedaçinho de sua pelegrinação
    Como precisamos de pai espiritual como o senhor para nos mostrar e nos ensinar o verdadeiro caminho a seguir na simplicidade chegar ao pai obrigado padre Rodolfo.

  4. Luzia de Souza Silveira Simões disse:

    Que benção participar deste momento tão especial, oportunidade de estar diante de santos tão jovens e que nos revela a essência do chamado do Cristo.

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