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Artigos › 02/04/2014

São José de Anchieta e a História de Jacareí

[box_light]Diácono Benedicto Petronilho, da Paróquia Imaculada Conceição em Jacareí escreve sobre José de Anchieta, que possivelmente, segundo tradição popular tenha fundado povoação onde hoje é a cidade de Jacareí.[/box_light]

Quando Antonio Afonso, sua esposa Maria da Conceição, e seus filhos Antonio, Bartolomeu, Estevão e Francisco, chegaram aqui em meados de 1652, já existia uma povoação em torno de uma capelinha denominada Santa Cruz, que a tradição conta que foi fundada pelo Padre José de Anchieta. O significado de “Avarehy” por si só, já indica que o local teria sido erguido pelo padre jesuíta: “abade-ig” que na língua indígena quer dizer rio do abade, que por distorções da linguagem portuguesa e a fraca pronúncia dos índios, fez com que o local ficasse definitivamente chamado de Avareí.

De fato, o Padre Anchieta teria passado pela região na tentativa de reunir os índios fugitivos de Piratininga, induzindo-os ao trabalho na Aldeia do Rio Comprido, precursora de São José dos Campos. Posteriormente, a Aldeia se transferiu para o conhecido Banhado da cidade vizinha, adotando o nome de Aldeia de São José, em possível homenagem ao padre.

Havia naquele tempo uma constante inundação do Rio Paraíba, quase que o ano todo, trazendo suas águas até perto de onde hoje se encontra o Pátio dos Trilhos. O conhecido Córrego do Túri, que nasce nas encostas dos montes do atual Jardim Colônia, próximo da estrada de Santa Branca, e passa pela cidade por detrás do Cemitério Municipal, e por debaixo do Parque da Cidade para desaguar no rio Paraíba, não conseguia seu intento, sendo invadido pela enxurrada do rio, que assim mantinha alagado todo o lado esquerdo da hoje Rua Doutor Lúcio Malta, a conhecida rua do Mercado.

Por isso, por ser esse local da Capela do Avareí, muito inundado na época das cheias, deixando os moradores ilhados e separados entre si, na maior parte do ano, quando Antonio Afonso chegou por aqui, tomando ciência do problema, resolveu se fixar num local mais elevado, criando um outro povoado, em chão mais firme, no alto do morro, sem perigo de inundação. Porém, segundo o historiador Benedicto Sérgio Lencioni, consta que, quando Antonio Afonso resolveu se fixar nesse outro local, já havia lavadeiras à beira do rio Paraíba, morando em suas casas de sapé, significando que já existia também neste local uma povoação.

Essa nova povoação, que se desenvolveu mais rapidamente que a primeira (Avareí), foi construída em torno de uma capela dedicada a Nossa Senhora da Conceição, que deu o nome da Vila da Conceição da Parahyba, assim chamada pela proximidade com o rio Paraíba, que passava nos fundos da Igreja.

Primeiramente esta povoação recebeu o nome de Terra dos Afonsos, depois Arraial da Conceição e, mais tarde, Vila de Nossa Senhora da Conceição da Parahyba, por ter sido criada em homenagem a Nossa Senhora da Conceição, cuja festa se celebra a 08 de dezembro.

Foi daí que Antonio Afonso, com sua esposa e filhos e seus comandados (100 homens aproximadamente), suas famílias, que já habitavam o Arraial da Conceição há cerca de um ano, resolveram dirigir-se ao Senhor donatário da Capitania de São Vicente, a fim de registrar a posse das terras e solicitar permissão para se fundar uma Vila no local, com foro próprio, juiz, delegado e padre para o culto religioso.

O Donatário da Capitania de São Vicente era o Marquês de Cocais, cujo Capitão-Mor era o governador dessa parte da Capitania, região do Vale do Paraíba. Era ele o Senhor Bento Ferrão de Castelo Branco, que residia na Vila de Sant’Anna das Cruzes do Mogy Mirim (hoje, Mogi das Cruzes). Após ouvir Antonio Afonso e seus companheiros, o Senhor Capitão Mor, em nome do Donatário da Capitania de São Vicente, veio ver a região requerida, e tendo-a aprovada, entregou o tão almejado título de Vila.

Portanto, o Arraial da Conceição, recebeu aprovação na categoria de Vila oficialmente, em nome de sua majestade Dom João IV, Rei de Portugal e do Brasil, no dia 24 de novembro de 1653, aproximadamente um ano depois da chegada de Antonio Afonso.

Mais tarde, pela Lei nº17 de 03 de abril de 1849, foi elevada à categoria de Município, com a denominação de Jacarehy, palavra que provinha do costume indígena do local, especificamente os Guaianás, que chamavam o rio de Paraíba de “jacaré-ig”, isto é “rio de jacarés”.

Assim, as terras que foram povoadas em 1652 por Antonio Afonso, seus filhos e amigos, a partir do século XIX transformaram-se na acolhedora cidade de Jacareí. Mas, quem realmente começou a povoação do local foi o Padre José de Anchieta, canonizado em 03 de abril pelo Papa Francisco, que nasceu em 19 de março de 1534 nas Ilhas Canárias (Espanha), e faleceu em 09 de junho de 1597. Portanto, nossa cidade nasceu em meados do século XVI, antes de sua morte.

São José de Anchieta, rogai por nós!

Texto: Diácono Benedicto Petronilho
Cooperador Paroquial – Paróquia Imaculada Conceição, de Jacareí

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